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História Ferida que dói e não se sente - Cap. I


Escrita por: Nahimana

Notas do Autor


A fanfiction a seguir traz pequenos e discretos spoilers sobre o universo do mangá Naruto (shippuden). O conteúdo refere-se a um momento ligeiramente anterior à declaração propriamente dita da guerra contra Madara e seu exército de mortos.

Capítulo 1 - Cap. I


Mais um dia de verão em Konoha, mais um dia de verão nublado em Konoha. Não era novidade que a região tivesse verões chuvosos. Novidade era haver dois jovens ninjas treinando desde cedo à mercê da chuva, que, até o presente momento, não havia caído. Pura sorte.

- Neji, logo a chuva começa - a moça disse entre uma shuriken e outra.

- Como ninja, você deveria saber que uma missão pode acontecer em qualquer tipo de tempo. Não interessa se está chovendo ou fazendo sol, você tem que completar a missão de qualquer forma - respondeu desviando dos objetos lançados contra si.

- Acho que ao menos o horário dos meus treinos eu posso escolher... - deu um mortal para cima do galho de uma árvore para escapar das mãos dele, que não teriam pena alguma se a pegassem no ataque.

- Não são só seus, Tenten - apareceu atrás dela, sem ao menos dar chance para que ela desviasse do ataque que não demorou às palavras.

- Droga... - ela murmurou quando caiu no chão, com a face na grama.

- Se falasse menos e treinasse mais, quem sabe tivesse percebido isso.

- Bem, não posso reclamar de meu desempenho - sequer se moveu do lugar onde caiu. Não que pudesse se mover, claro...

- Você perdeu.

- Fala como se eu estivesse aqui para ganhar de você... Poupe-me.

- Tem razão. Não poderia mesmo.

- Oh, era realmente o que eu precisava, palavras de consolo - o sarcasmo foi palpável.

- Vamos, eu ajudo você... - começou a erguê-la. Recostou-a na árvore de onde caíra... Ou seria melhor dizer "de onde fora jogada"?

- Como se eu tivesse muita opção...

- Daqui a pouco o efeito passa.

- Nada mais agradável do que esperar com meu algoz o efeito atordoante de suas maravilhosas mãos passar.

- Não seja ácida.

- Ah, pelo menos deixe eu me divertir às suas custas, como você acaba de se divertir às minhas – disse rindo.

- Não é diversão, Tenten. É treino.

- Ah, não, eu acho que é diversão. Treino de verdade é o que fazemos quando o Gai sensei e o Lee estão.

- Se você chama aquilo de treino...

- Você tem que concordar que dá muito mais trabalho fazer o que eles fazem do que ter um treino comum.

Ele ponderou um pouco sobre as palavras dela, lembrando das situações constrangedoras em que se enfiara para poder cumprir as missões propostas nos treinos que seu professor fazia.

- Tem toda razão.

- Não disse? – ela riu jogando a cabeça para trás, sinal de que o efeito do ataque já estava passando.

Poucos minutos depois ainda estavam sentados ali, ainda esperando que o corpo da jovem recuperasse os movimentos, algo que não devia demorar, já que só faltava o braço direito.

- Acho que já pode ir, Neji. Só falta um braço, posso ir pra casa "sem ele".

- É minha responsabilidade ficar.

- Como você é certinho, Neji... É só um braço que já, já melhora.

- Eu acertei o lugar errado. Se tivesse pegado o lugar certo, já teria passado.

- Ora, não foi você mesmo que falou em cumprir missões em qualquer condição... – ela comentou, começando a tamborilar os dedos da mão direita na terra. – Que ótimo, está quase acabando – comentou para si.

- Sim, mas eu não te atingiria durante uma missão.

- Bem, acidentes podem acontecer e nunca se sabe quando eu posso ter um Hyuuga como inimigo – comentou entretida. – Já fico muito feliz em não ter desmaiado...

- Sim – concordou com simplicidade.

- Ei, Neji... – chamou, inclinando o corpo para mais perto dele, com um olhar risonho.

- O que foi?- olhou para ela.

- Posso te contar um segredo? – sorriu como criança.

- Se me contar, não será mais segredo.

- A intenção é essa – disse com diversão na voz.

- Se é assim que quer, pode contar.

- As regras para ser um bom ninja dizem muitas coisas e uma delas praticamente diz para sermos como máquinas frias e sem sentimentos...

- Isso não é um segredo.

- Esse é o fato, Neji, não o segredo. Se me deixar terminar, nós já chegaremos nesta parte.

- Continue então.

- Eu quero muito melhorar como ninja, ser uma grande guerreira e todos aqueles sonhos que shinobis têm.

- Isso também não é segredo.

- Neji, por favor! Você é sempre tão quieto e contemplativo, não pode fazer isso agora?

- Está bem. Continue.

- A questão é que, se para realizar estes sonhos eu preciso seguir mesmo aquela regra, acho que nunca vão deixar de ser sonhos – ela parou, esperando mais um comentário inesperado, mas que não veio. Aparentemente, aquele era o bom e velho Neji ouvindo-a de novo. – Para seguir aquela regra, eu teria que ser uma pessoa diferente da que eu sou. Eu precisaria deixar de amar meus pais, minha família em geral, meus amigos, meus colegas, meus professores.

Ela parou um pouco. O braço já estava bom.

- Não vai continuar?

Pareceu ignorá-lo no começo, mas prosseguiu em poucos segundos:

- E esse é o meu segredo, Neji... Eu amo você. Não como amo meus pais, nem como amo o Lee e muito menos como amo o sensei. Da maneira que eu amo você, eu só amo você.

Ele continuou somente observando a moça.

Ela simplesmente continuou sorrindo.

- E sabe o que é mais interessante? Eu não espero que você goste de mim e nem espero esquecer desse sentimento. Eu simplesmente amo sentir isso e é o bastante para mim.

Ele não viu nenhuma marca de que estivesse mentindo, de que estivesse, na verdade, triste por sua falta de reação. Estava vendo só a mesma Tenten de sempre. Alegre e verdadeira. Estreitou as sobrancelhas. Talvez a falta de choro dela o incomodasse.

- Bem – ela começou, depois de ouvir um trovão. – Agora que eu já disse o que queria e meu braço já está bom – acenou com o mesmo -, acho melhor irmos embora. A chuva já deu bastante trégua para nós, agora ela não vai mesmo demorar.

- É...

Ela se levantou e olhou para ele:

- Não fique assim, Neji. Nada muda entre nós – desarrumou os cabelos do jovem. – Tchau, Neji. Até amanhã.

E foi simplesmente isso. Saiu. Como se não tivesse dito nada de mais. Quem se declara e sai assim, como quem apenas disse algo como "a tarde está linda."? Só mesmo ela poderia fazer algo assim.

Sentiu os primeiros pingos de chuva. Ao que parecia, Tenten era a mulher do tempo de Konoha. Além de saber exatamente quando a chuva ia chegar, ainda conseguia cronometrar um discurso para poder sair antes de se molhar.

- Ótimo! Era tudo que eu precisava agora. Na chuva... E sem guarda-chuva.
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- Neji, meu irmão, está completamente molhado – Hinata comentou para o primo quando ele
chegou ao distrito Hyuuga.

- Não me preveni da chuva. Nada mais.

- Tudo bem então... Ah, por que não vem comigo para casa? Eu te preparo um chá quando chegarmos – sugeriu, segurando o guarda-chuva mais como um escudo.

- Como preferir – acompanhou-a, sem se alegrar ou se irritar com isso.

Quando chegaram, ele foi ao próprio quarto para trocar a roupa molhada e ela foi fazer o chá que havia dito que faria. Não demorou muito tempo para estarem no coberto varanda, apreciando o chá e a chuva.

- Meu irmão, aconteceu alguma coisa?

- Fui treinar com a Tenten hoje.

- Isso é mais do que normal e rotineiro.

- Ah, acho que todos nós Hyuuga estamos com um problema para deixarmos os outros falarem hoje.

- Desculpe, não foi minha intenção... Por favor, continue...

- Depois do treino, ela se declarou para mim.

- Verdade?

- Algum motivo para o espanto?

- Não, não foi isso que eu quis dizer... Eu só me espantei com a coragem dela, em dizer.

- Não pareceu ter muita importância para ela, na verdade. Nem se importou por eu não ter dito nada.

- Neji! Não respondeu nada a ela? Isso foi muito rude da sua parte.

- Já disse que ela não se importou.

- A questão não é essa... É que poderia ter dito algo...

- Dizer o quê?

- Eu não sei, oras. Ela se declarou a você e não a mim. Você deveria saber o que dizer a ela.

- Ela que escolheu um momento ruim.

- Por quê?

- Estamos à beira de uma nova guerra.

- Por isso mesmo é uma boa hora. Nós não sabemos se vamos sobreviver à guerra. Se não pudermos viver esse sentimento, todos nós, homens e mulheres, queremos no mínimo que ele não seja mais segredo ou motivo de vergonha – respondeu, pensando na própria declaração, feita poucas semanas antes a um rapaz especial.

- E daí, Hinata? O amor dela não é mais segredo, mas eu não tenho nenhum para confessar.

- Como sabe?

- Ora, Hinata! Como eu sei? Sabendo.

- Você já pensou alguma vez nisso? Não sobre você e a Tenten, mas sobre o amor. Já pensou?

- Não, isso é prova mais do que suficiente.

- Claro que não é. Só prova que você não sabe nada do amor para poder entender se o sente ou não!

- Hinata, eu já vi o amor e eu não tenho isso.

- Não fale como se fosse uma doença! E, para a sua informação, ver de longe não é o bastante. Você viu o quê? Meu tio e minha tia morreram antes de você apreciar de verdade o amor dos dois. Minha mãe também, para você ver o dela e o do meu pai. Fora eles, que seriam bem próximos para que você pudesse enxergar de verdade o que é o amor, você só tem a mim e ao Lee e o amor de nenhum de nós dois é completo, pois quem amamos não demonstrou o mesmo por nós ainda. Além disso, você não pode dizer que sabe identificar o amor em você só de ter visto o amor em outros. Cada pessoa tem uma forma diferente de demonstrar que gosta de outra... Você pode ser ótimo ninja, Neji, mas é leigo no amor e em suas formas de demonstração.

- Por que eu estou levando este sermão, Hinata?

- Porque, sem entender nada de amor, você deixou a Tenten sem uma resposta. Seria tolice achar que ela quer que goste dela como ela de você. Mas não é educado deixá-la carregar uma dúvida... E eu sei que você é uma pessoa muito educada, irmão.

- Humm... Hinata, você se sente mal porque o Naruto não teve nem tempo para te responder?

A resposta não veio rápida.

- Eu tenho medo que ele diga que não aceita meus sentimentos por ele... Mas me dói ainda mais não saber se tenho alguma chance... Eu lutaria com todas as minhas forças pela minha vida e pela vida dos outros numa guerra... Mas... Eu lutaria até com as forças que não possuo se soubesse que, ao fim das batalhas, eu poderia ficar com ele...

- E se a resposta fosse uma recusa...

A prima sorriu com a pergunta:

- Aí então eu lutaria como nunca... E, desta forma, poderia viver mais, para tentar a cada dia conquistar essa pessoa tão especial!

Notas Finais


Olá, leitor corajoso do AS. Espero não o ter traumatizado com meu texto até aqui. Estou invadindo um espaço que é completamente novo para mim neste site e não desejo causar uma primeira impressão afugentadora a você.
Se ainda lhe interessar até lá, postarei o próximo cap. semana que vem.

Toda e qualquer informação adicional sobre esta fanfic será adicionada no dia 19/7/2011 ao blog [url=http://pandadebotas.blogspot.com/]Panda de Botas[/url].


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