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História Cartas... - ...que você nunca respondeu.


Escrita por: iambyuntiful

Notas do Autor


Esta fanfic foi escrita em quatro dias, eu morrendo pra terminar antes que o prazo acabasse e consegui terminá-la quando faltava apenas quatro dias. Então, espero que gostem.

Capítulo 1 - ...que você nunca respondeu.


Cartas
Por Barbara/Lizzie




“Hey, Luna,

Mal posso acreditar que estou lhe escrevendo. Os tempos de guerra não nos dão este luxo, penso que nem sei mais o que posso lhe escrever. Devo começar perguntando-lhe se está bem ou se tem notícias? Ou então, se tens notícias boas ou ruins? Mas irei começar com meus sentimentos egoístas, portanto, começo perguntando-lhe: Você ainda lembra-se de mim?

Claro, é quase impossível esquecer meu nome nos tempos em que vivemos. Quem não se lembra do nome de Harry Potter, o menino que sobreviveu? O menino que já não é mais um menino, não é? Pois bem. Algo que sempre admirei em você está aí, o fato de você não ligar para o que meu nome significa, apenas se importando com o que eu sou.

Ouvi dizer que O Pasquim tem me apoiado. Seu pai e você correm perigos fazendo isso, mas não nego estar feliz com o apoio de vocês. Merlin sabe o que estou passando agora e, sem a Hedwig, fica difícil mandar cartas. Na verdade, esta coruja que está lhe entregando a carta foi capturada em minhas andanças pelo mundo - lugar exato não poderei contar, medidas de segurança. Você entende, não é? - e nem sei se é segura. Bem, saberei depois, caso eu sobreviva.

Tento ao máximo não pensar em como será o confronto final entre mim e... você sabe. Ron e Hermione andam tão tensos ultimamente, além de termos, bem, um novo amigo conosco. Ele anda trazendo alguns problemas, porém não podemos nos desfazer dele. É importante, entende? Espero que sim. Nem mesmo eu estou entendendo o que estou falando, mas você tem o estranho dom de sempre me entender. Eu gosto disso.

Bem, talvez esta carta esteja ficando longa demais e eu não falei nada que queria falar. Eu só queria dizer que estou com saudades, do Neville, da Ginny, dos Weasley, mas principalmente de você. Se dermos sorte, quem sabe nos esbarramos por aí? Espero que esta carta chegue à sua casa a tempo, não quero que esta coruja desengonçada vá te procurar em Hogwarts. Seria arriscado demais ter uma carta minha por lá.

A gente se vê,
H. Potter.
“02/07/1997.”

~HP~

“Olá, Luna,

Entendo por que você não me responde – nem ao mesmo a encorajo a tentar –, porém sinto falta de sua caligrafia, a caligrafia inclinada que lhe é característica. As coisas andam um pouco mais sossegadas por aqui, mesmo que ainda não tenhamos conseguido nos livrar do nosso amigo. Ao invés dele, acabamos perdendo Ron. Não, ele não morreu – graças a Merlin! – mas não está mais conosco, já que houve alguns desentendimentos internos. Agora, Merlin sabe aonde Ron pode estar.

Se você tiver notícias dele... Ah, esqueça. Você não poderia nos contar, só diga que ainda o esperamos, mesmo que não estejamos mais no lugar onde ele nos deixou. Diga-lhe que nós ainda temos a esperança de revê-lo. Quem sabe algum dia.

Espero que esta coruja consiga pegar-lhe em casa, antes que volte para Hogwarts. Ainda não consigo aceitar a morte da Hedwig, e nenhuma coruja parece tão boa quanto ela. Mas tudo bem, não estou em condições de exigir nada, nem mesmo uma boa coruja.

Deixando minhas reclamações de lado, daria tudo pra saber como andam as coisas em Hogwarts. Há muitos comensais por lá? Ouvi dizer que Snape virou diretor, não há pessoa pior do que ele para cuidar de Hogwarts, ainda mais depois de ter assassinado Dumbledore, o maior bruxo que o mundo já viu.

Muita coisa mudou por aí? Como andam Ginny e Neville? Estão lutando contra as forças opressoras, imagino. Eu falei pra Ginny se cuidar, porém acho que ela não vai me ouvir, vai bater de frente com os comensais que provavelmente tem por aí. Espero que o ano de AD tenha ensinado o Neville a se defender bem, mas confio nele!

E você? Anda se saindo bem na escola? Está bem? Preciso saber, mesmo que você não possa responder-me ou talvez não queira. Posso estar enchendo-a com minhas cartas, porém não posso controlar a vontade insana de querer escrever-lhe, pois, assim, tiro um pouco do peso sobre minhas costas. O peso do mundo.

Até mais, Luna. Espero poder revê-la um dia.
H. Potter
27/12/1997.”

~HP~

“Cara Luna,

Assim que a guerra findou-se, com minha vitória, não pude falar mais com você. As pessoas desejavam tanto entrevistas, sobre como foi encarar Voldemort – que alívio em escrever seu nome sem ter medo de atraí-lo! Aquele tabu custou-me caro... –, então não tive tempo para meus velhos amigos.

Soube que você e o Scamander estão namorando. Bem, fico feliz pelos dois, espero que sejam felizes e que ele possa dar-lhe a felicidade que você merece. Não tive muito tempo para pensar em namoros desde a queda de Voldemort, ainda estou feliz demais por ter sobrevivido. Porém, Ginny anda saltitante demais, talvez ansiosa pelo momento em que eu a peça em namoro novamente.

Confesso-lhe que ando meio receoso sobre isso. Não é que eu não ame a Ginny, eu realmente a amo, mas venho observando-a e percebo que, talvez, este meu amor seja puramente fraternal, afinal, eu vi Ginny crescer. Talvez eu me sinta como mais um de seus irmãos e não como seu namorado. E eu nem ao menos sei por que estou lhe contando isso. Talvez seja o fato de eu achar que, escrevendo pra você, alivie um pouco minhas apreensões. Acho que está virando um hábito.

Esquecendo-nos um pouco da Ginny, conte-me como anda a sua vida, agora que não há mais nada para amedrontá-la! E como anda seu pai? Não o vejo desde que Ron, Hermione e eu fugimos de sua casa, porque ele queria nos entregar para os comensais – não o culpo, de maneira alguma, já que você era prisioneira deles. Aliás, ele já nos perdoou por termos saído correndo de sua casa? Entenda, foi questão de sobrevivência.

Mesmo com o fim da guerra, ainda há fatos que machucam, como as mortes que ocorreram, pessoas queridas que perdemos. A casa dos Weasley anda num clima tão fúnebre desde a morte de Fred que nem ao menos tenho coragem de consolá-los, por medo de dizer a coisa errada. Não só Fred, mas também Snape. Ao ver que tudo que disse sobre ele foi injusto, bate aquele remorso. Pois bem, espero que Severus Snape esteja em um bom lugar agora.

Até qualquer dia,
H. Potter
10/06/1998.”

~HP~

“Luna Lovegood,

Talvez o nosso tempo esteja curto – o meu com certeza está com o treinamento dos auror –, porém não vejo motivos para não responder minha carta. Sei que já se passou muito tempo, porém não pude esquecer-me da carta. Agora que não há mais Voldemort e não há perigo, há algo que ainda a impede de responder-me?

De verdade, não sei por quê volto a escrever-lhe, já que não respondeu a minha outra carta. Entretanto, sinto que devo continuar a escrever-lhe, contar-lhe o que não conto aos outros. Talvez porque você foi a pessoa com que menos passei o meu tempo, e há tanta coisa que deveríamos saber um sobre o outro.

Hermione voltou à Hogwarts, como você deve ter percebido. Há muitas pessoas na mesa da Grifinória? Rostos conhecidos? Acho que deve ser difícil olhar para a mesa e não ver mais alguns rostos, que talvez vão fazer muita falta ou que talvez ninguém se lembre. Mas sempre haverá aquele lugar vazio, outrora ocupado por um rosto sorridente, cheio de vida, que a guerra, infelizmente, nos levou. É, eu sei que deve estar cansada de ouvir da guerra, mas é um assunto que, penso eu, não esquecerei tão fácil.

À mesa da Sonserina, há muitos alunos? Penso que Draco Malfoy voltaria, redimido. Talvez tenhamos sido injustos com o Malfoy, a vida de sua família e a sua própria sob a mira da tirania de Voldemort. Entretanto, há culpa dele sim, porque muitas famílias estiveram na mesma situação – a sua, por exemplo. – e não se tornaram ruins, mesquinhos. Mas penso que o tempo é capaz de mudar alguém, e espero sinceramente que Draco mude.

E você e o Scamander, como andam? Ouvi dizer no Ministério que ele está viajando ao redor do mundo atrás dos Bufadores de Chifre. Olhe só, não era uma invenção sua! Ou talvez você tenha colocado na cabeça dele sobre isso. Mas tudo bem; talvez este seja o presente de noivado que ele imagina que você gostaria de receber. É, recentemente ouvi dizer que ele te pediu em noivado. Ando sabendo demais das coisas pela boca dos outros.

OK, Luna, devo estar tomando muito do seu tempo em Hogwarts e o café da manhã deve estar mais interessante do que esta carta. Bons estudos!
H. Potter
03/03/1999.”

~HP~

“Luna Scamander,

Não sei ao certo quando foi a última vez que lhe escrevi. Deve ter sido há muito tempo, pois costumo lembrar-me bem de datas. Talvez eu não tenha escrito-lhe mais, por achar que estaria incomodando-lhe, já que nunca obtive suas respostas. Você não quis responder ou extraviaram as cartas? Prefiro acreditar na segunda opção, porque a Luna que conheço jamais deixaria de responder-me.

Devo, também, parabenizá-la por seu casamento. Foi belíssimo e todas as coisas lembravam você, o casamento foi à sua cara. Arrisco-me a dizer que estava belíssima vestida de noiva, e Ginny está mais feliz do que nunca ao ter pegado seu buquê. Penso que seremos os próximos a nos casar.

Espero que possa ser feliz com o Scamander. Ele faz bem o seu tipo, caçador de novas espécies de animais. Espero que seja bem sucedido e que vocês tenham uma bela vida.

Com meus melhores votos,
H. Potter.
31/10/2002”

~HP~

“Sra Scamander,

Sinto muitíssimo feliz pelo nascimento de seus filhos, exatamente no mesmo ano em que Albus Severus nasceu. Espero que eles sejam bons amigos, assim como nós, um dia, fomos. Digo no passado porque não sei se ainda considera-me tanto quanto antes.

Apesar de agora termos nossas próprias famílias e a responsabilidade estar pesando em nossos ombros, ainda espero pelo dia em que sentaremos e poderemos conversar, em algum bar, tomando cerveja amanteigada apenas para relembrar os velhos tempos e falaremos de nossas famílias. Porém, penso que este dia ainda está um pouco distante.

Se, por um acaso, você abrir esta carta, quero que faça um último favor. Se ainda tem todas as cartas que lhe mandei, devolva-as, por favor. Quero ter uma lembrança de momentos em que você, por algum acaso do destino, se importou comigo.

Seja muito feliz, Luna.
H. Potter.
01/11/2006.”

~HP~

Remexendo nesses arquivos, não posso deixar de sorrir ao rever as cartas que mandei para Luna, tantos anos atrás. Ao mesmo tempo em que sorrio, o sentimento de nostalgia toma conta de meu corpo, mesmo que tenha se passado décadas desde nossa adolescência conturbada.

Mesmo casado com Ginny há mais de trinta anos, filhos criados e casados, os netos batendo à minha porta, não fui capaz de esquecer a minha paixão de adolescente – paixão esta que me perseguiu por toda a vida, sem nunca ter sido correspondido. Luna jamais soube dos meus sentimentos e penso que talvez assim seja melhor.

Agora, minha casa está cheia e eu estou aqui, no porão, remexendo nas lembranças, revivendo meu passado. Minha caligrafia nos papéis amarelados nunca me deu tantas saudades de tempos que não voltarão. O nome dela nunca fez tanta falta.

Ouço alguém bater à porta, e logo escondo as cartas no casaco. Ninguém nunca soube delas, nem mesmo meus filhos tampouco Ginny. Se Luna chegou a ver todas, não sei, pois nunca obtive resposta. Apenas me devolveu todas, conforme pedido em minha última carta – o maior mistério seria o porquê de ela ter guardado por tanto tempo.

Quem batia à porta era meu neto, o caçula, filho de Lily e Lorcan – que, por ironia, é filho dela –, o pequeno Rick. Richard não tem mais de seis anos, mas tem os olhos azuis mais verdadeiros que conheço e os cabelos negros que apontam para todas as direções. Se Luna e eu chegássemos a ter um filho, ele seria exatamente como Richard. E talvez seja por isso que eu goste tanto dele, por ser o futuro que eu não tive.

- Vovô! – ele chamou. – Que fazes aqui?! – perguntou, o céu em seus olhos brilhando.

- Nada, nada. – respondi. – A vovó pediu para que viesse me procurar?

- Sim, porque a vovó Luna chegou! – ele exclamou, batendo palminhas. – E trouxe presentes!

Nada melhor para agradar uma criança do que presentes.

Essa é uma mania interessante de Luna, ela sempre traz presentes, não importa qual seja a comemoração – devo ter esquecido de comentar que hoje é aniversário de Richard, seis anos de vida. Essa também é uma característica de Lily; acho que acertei em seu segundo nome: Lily Luna. E Ginny nunca percebeu o real motivo de eu ter dado este segundo nome à nossa caçula, acredita até hoje que foi apenas para homenagear a amizade de Luna.

- Venha, sente-se aqui com o vovô. – chamei Richard, que me olhava sorrindo. – Quero mostrar-lhe algo, o meu tesouro particular.

- Éé? – ele perguntou, fascinado. – O senhor foi algum tipo de pirata quando mais jovem?

- Pode-se dizer que sim, mas eu destruí tudo que encontrei. – ri, lembrando-me das horcruxes de Voldemort. – Veja bem o raio em minha testa, é o símbolo de minha pirataria.

- Sério?! – ele exclamou, excitado. – Eu quero ter um igual!

- Não, acredite. Você não quer. – aconselhei-o, lembrando-me de como foi ruim crescer sem meus pais. Hoje sei que eles estão em um lugar melhor.

Ele se sentou ao meu lado, esperando a hora em que eu mostraria o tal tesouro. Eu não sei por que estou mostrando as cartas para Richard, ele nem ao menos vai entender. Mas, talvez, seja por isso que eu vou mostrar; ele não vai entender, por isso não há uma forma de contar aos outros. Os olhos curiosos lembravam-me tanto da Luna que conheci em Hogwarts, os mesmos olhos curiosos pela vida, dispostos a desvendar tudo, sem medo de ser tachada com lunáticos.

- Essas cartas – iniciei, tirando as cartas do casaco. – são muito antigas. Pode-se ver que o pergaminho está amarelando, mais do que o normal, e que há muitas dobras. – mostrei-lhe os pergaminhos, e ele assentiu, quieto. – Eu as enviei para sua avó, Luna, quando mais jovem, a primeira com dezessete, a última quando seu pai e tio nasceram. Foram seis cartas ao total, porém não foi necessário que chegássemos ao número mágico para que se tornasse mágico.

Ele não estava entendendo, já que a confusão estava evidente em seus olhos. Sorri-lhe, passando a mão por seus cabelos, despenteando-os mais ainda. Isso, com certeza, faria Lily perder a cabeça.

- Eu amei a mesma mulher durante toda minha vida. – confessei. Ele sorriu, ternamente. O amor é algo que ele pode entender, não na complexidade total, mas em partes. – Eu não me arrependo de nada que fiz em toda minha vida. Se eu mudasse algo do fiz, você não estaria aqui agora. Porém, eu só queria que ela soubesse disso, que soubesse que eu a amei.

Eu podia sentir a única lágrima solitária que rolava por meu rosto, saída de meu olho esquerdo. Dizem que, se a primeira lágrima é do olho direito, é felicidade; se sai do olho esquerdo, é dor. A dor de querer um passado, presente e futuro que eu jamais tive direito.

Levantei-me, colocando as cartas dentro do baú, trancando-o novamente, de onde não saíram por muito, muito tempo. Enxuguei minha lágrima, que secara antes de tocar o chão, e assenti para Richard, sorrindo-lhe tristemente. Meu neto sorriu, seu sorriso de criança, o mesmo que ele dava quando queria consolar alguém. Talvez o real motivo de eu ter contado tudo isso para ele é que eu sabia que me consolaria ao ver seu sorriso – o sorriso de Luna.

- Ela sabia, vovô. – ele disse, quando eu estava quase descendo as escadas. Estaquei. – Vovó Luna sabia.

Pude sentir meu sorriso voltar, mais feliz, a sensação de dever cumprido. Voltei a descer as escadas, deixando Richard sozinho – eu sabia que logo desceria – e sentindo que, ao precisar fazer um Patrono, esta seria a lembrança escolhida.

Fim.

Notas Finais


Não há nenhum fato que comprove que Lily Luna casou-se com Lorcan Scamander, e Richard é puramente fictício. <3 Espero que tenham gostado.


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